Chovia muito. Muito mesmo! Algumas pessoas se refugiavam na marquise de entrada de um museu, um prédio antigo, imponente, na área central daquela cidade litorânea.
A maioria resolveu enfrentar a chuvarada, que demorava muito a passar, mas ficou ali um casal. Ambos na casa dos 30 anos, de conjuntos de moletom bem quentinhos e tênis. Os dois ali, olhando a chuva com cara de paisagem, quando ele se virou e deu um senhor abraço na esposa.
O abraço terno, com respeito, cheio de cumplicidade, contrastava com a sobriedade do prédio e da rua em frente, calejados pelo tempo, embora bem preservados. A chuva, o dia cinza, o prédio de aparência severa... E aquele abraço ali no meio, simples, carinhoso e verdadeiro.
Era como nas grandes cidades, em que, perdida no meio de tanto concreto, teima em nascer uma simples plantinha em alguma fresta. Clichê dos clichês e por menor que seja, chama a atenção de longe e encanta como só a natureza é capaz de fazer. Aquele abraço do casal floresceu em pleno dia cinzento e frio.
O homem, carinhosamente, tirou o capuz da jaqueta da moça, beijou-a na testa, recebendo um sorriso como agradecimento. Recolocou o capuz nela e, abraçados ainda, resolveram enfrentar a chuva, já mais fina. Continuaram a andar pela rua de paralelepípedos com muito, muito carinho. O carinho quando menos se espera a qualquer hora, e em qualquer lugar é ótimo.
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